Resumo
Num mundo cada vez mais global, competitivo, em que se assiste à dificuldade em conciliar a vida pessoal com a vida profissional, os jovens vão protelando o desafio de serem pais, pelo que, o surgimento de um primeiro filho acontece cada vez mais tardiamente. São consideradas gestações tardias ou geriátricas, as gestações em mulheres que engravidam após os 34 anos de idade. Realizou-se um estudo quantitativo, descritivo, transversal atendendo aos dados clínicos de 198 gestantes com idade maior ou igual a 35 anos. A média (????) de idades foi de 37,89 anos (σ=5,395), com um valor mínimo (Xmín) de 35 anos e um valor máximo (Xmáx) de 45 anos de idade. Das participantes em estudo, 75,7% apresentaram algum tipo de complicação, uma percentagem expressiva que vem corroborar a associação entre idade materna avançada com o maior risco de complicações na gravidez. As complicações mais frequentes observadas foram as síndromes hipertensivas específicas da gestação, nomeadamente a pré-eclampsia (15,16%) e a hipertensão gestacional (sem evolução para pré-eclampsia, 14,14%), a diabetes gestacional (12,63%), o trabalho de parto prematuro (12,62%), o oligâmnios (10,6%) e o atraso de crescimento intrauterino (10,6%). Face aos resultados obtidos, a problemática da gravidez geriátrica deve ser refletida, já que sabemos das complicações que dai possam advir, quer para a mulher, recémnascido e sociedade.
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