Resumo
Face ao aumento da longevidade torna-se indispensável garantir a qualidade de vida (QdV), bem-estar e satisfação pessoal nesta fase do ciclo de vida. A QdV liga-se a diferentes aspetos do bem-estar, designadamente, o bem-estar subjetivo, o psicológico e o social. Em idade avançada, todos estes aspetos do bem-estar são influenciados pela aprendizagem a qual surge como preditora positiva da QdV. O princípio da aprendizagem ao longo da vida contraria a ideia de que a aprendizagem só deve ocorrer por meio de modalidades, ciclos e níveis, e considera que estes processos vão muito além de espaços formais de aprendizagem não devendo ficar restritos ao ambiente escolar. Este estudo visa compreender em que medida a frequência da Universidade Sénior é percecionada como contribuindo para a Qualidade de Vida e o Bem-estar Subjetivo, Psicológico e Social de idosos. Participaram no estudo 15 utentes da Universidade Sénior de Évora, Portugal, com idades entre os 60 e 90 anos. Os dados foram obtidos através de um questionário com perguntas fechadas e abertas e tratados de forma qualitativa e quantitativa. Os resultados obtidos indicam que a frequência da Universidade Sénior tem um impacto positivo em todos os aspetos da QdV exploradas. Os principais ganhos percebidos e aspetos de maior satisfação prendem-se com aprendizagem, integração social, relações interpessoais, construção de amizades e convivialidade.
Referências
Åberg, P. (2016). Nonformal learning and well-being among older adults: Links between participation in Swedish study circles, feelings of well-being and social aspects of learning. Educational Gerontology, 42(6), 411–422. doi: 10.1080/03601277.2016.113997
Bardin, L. (2016). Análise de conteúdo (4a ed.). Edições 70.
Biehl-Printes, C., Texeira, D., Costa, A., Pinheiro, V., Sousa, P., Cruz, J., & Tomas-Carus, P. (2014). A comparative study of the functional fitness and perception of quality of life among elderly participants and non-participants of Universities of third age. Journal of Aging & Innovation, 3(3), 39–49.
Blieszner, R., Ogletree, A. M., & Adams, R. G. (2019). Friendship in later life: A research agenda. Innovation in Aging, 3(1), igz005.
Boulton-Lewis, G. M., & Buys, L. (2015). Learning choices, older Australians and active ageing. Educational Gerontology, 41(11), 757–766. doi: 10.1080/03601277.2015.1039455
Cachioni, M., Delfino, L., Yassuda, M. S., Batistoni, S. S. T., Melo, R. C. D., & Domingues, M. A. R. D. C. (2017). Bem-estar subjetivo e psicológico de idosos participantes de uma Universidade Aberta à Terceira Idade. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 20, 340–352. doi: 10.1590/1981-22562017020.160179
Carapeto, M. J., Grácio, L., & Pires, H. (2021). Conceções de jovens sobre o funcionamento positivo de adultos de meia idade e idosos. International Journal of Developmental and Educational Psychology, 2(2), 181–190. doi: 10.17060/ijodaep.2021.n2.v2.2224
Carvalho, L., & Fonseca, M. F. (2015). Universidades da terceira idade: Dimensão educativa e social. Revista Aprender, 36, 48–62.
Cavalcante, R. B., Calixto, P., & Pinheiro, M. M. K. (2014). Análise de conteúdo: Considerações gerais, relações com a pergunta de pesquisa, possibilidades e limitações do método. Informação & Sociedade: Estudos, 24(1), 13–18.
Choi, Y., Kwon, J. A., Lee, K. S., Park, E. C., & Shin, J. (2017). Effects of a change in social activity on quality of life among middle-aged and elderly Koreans: Analysis of the Korean longitudinal study of aging (2006–2012). Geriatrics & Gerontology International, 17(1), 132–141. doi: 10.1111/ggi.12685
Díaz-López, M. P., Aguilar-Parra, J. M., López-Liria, R., Rocamora-Pérez, P., Vargas-Muñoz, M. E., & Padilla-Góngora, D. (2017). Skills for successful ageing in the elderly. Education, well-being and health. Procedia-Social and Behavioral Sciences, 237, 986–991.
Diener, E., Oishi, S., & Tay, L. (Eds.). (2018). Handbook of well-being. DEF Publishers. DOI: nobascholar.com
Gable, S. L., & Bromberg, C. (2018). Healthy social bonds: A necessary condition for well-being. In E. Diener, S. Oishi, & L. Tay (Eds.), Handbook of well-being. DEF. DOI: nobascholar.com
Gadotti, M. (2016). Educação popular e educação ao longo da vida. In L. M. Gomes, P. G. S Nacif, & R. G. Rocha (Orgs.), Coletânea de textos CONFINTEA Brasil+6: tema central e oficinas temáticas (pp. 50–69). Brasília: MEC - Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão.
Gonçalves, J., & Neto, F. (2013). Influência da frequência de uma Universidade Sénior no nível de solidão, autoestima e redes de suporte social. Revista Eletrónica de Psicologia, Educação e Saúde, 3(1), 69–92.
Grácio, L., & Guerra, S. (2020). Questionário Universidade Sénior e Qualidade de Vida. [Documento não publicado]. Universidade de Évora.
Guedea, M. T. D., Albuquerque, F. D., Tróccoli, B. T., Noriega, J. A. V., Seabra, M. A. B., & Guedea, R. L. D. (2006). Relação do bem-estar subjetivo, estratégias de enfrentamento e apoio social em idosos. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19, 301–308.
Guerra, S. S. S. (2022). Impacto percebido da frequência de universidades seniores no bem-estar de pessoas idosas [Dissertação de Mestrado, Universidade de Évora].
Hill, C. E., Knox, S., Thompson, B. J., Williams, E. N., Hess, S. A., & Ladany, N. (2005). Consensual qualitative research: An update. Journal of Counseling Psychology, 52, 1–30. doi: 10.1037/0022-0167.52.2.196
Jacob, L. (2012). Universidades Seniores: Criar novos projetos de vida. Ideias para um envelhecimento ativo. Almeirim: RUTIS (Associação Rede de Universidades da Terceira Idade).
Jacob, L. (2015). A educação e os seniores. Revista Kairós: Gerontologia, 18(19), 81–97. doi: 10.23925/2176-901X.2015v18iEspecial19p81-97
Jacob, L., Torres, L. V., & Pocinho, R. (2018). Universidades seniores em Portugal e no Brasil: Caracterização e motivações. In I Ageing Congress 2018 - Congresso Internacional sobre Envelhecimento. ISBN 978-989-98174-9-4
Jenkins, A., & Mostafa, T. (2015). The effects of learning on wellbeing for older adults in England. Ageing & Society, 35(10), 2053–2070. doi: 10.1017/S0144686X14000762
Keyes, C. L. M. (1998). Social well-being. Social Psychology Quarterly, 61(2), 121–140.
Lages, A., Magalhães, E., Antunes, C., & Ferreira, C. (2018). Social well-being scales: Validity and reliability evidence in the Portuguese context. Psicologia, 32(2), 15–26. doi: 10.17575/rpsicol.v32i2.1334
Li, C., Jiang, S., Li, N., & Zhang, Q. (2018). Influence of social participation on life satisfaction and depression among Chinese elderly: Social support as a mediator. Journal of Community Psychology, 46(3), 345–355. doi: 10.1002/jcop.21944
Lima, J. A., & Pacheco, J. A. (Eds.). (2006). Fazer Investigação. Contributos para a elaboração de Dissertações e Teses. Porto Editora.
Oliveira, S. F., Queiroz, M. I. N., & Costa, M. L. A. (2012). Bem-estar subjetivo na terceira idade. Motricidade, 8(2), 1038–1047.
Ryff, C. D. (2014). Psychological well-being revisited: Advances in the science and practice of eudaimonia. Psychotherapy and Psychosomatics, 83(1), 10–28.
Santos, M. O. G. (2010). Contributos para um processo de planeamento estratégico aplicado a Universidades Seniores, promovidas por estabelecimentos de ensino superior. Centro de Investigação em Sociologia e Antropologia “Augusto da Silva”. Universidade de Évora.
Saldaña, J. (2009). The coding manual for qualitative researchers. Sage.
Soares, A. F., Gutierrez, D. M. D., & Resende, G. C. (2020). A satisfação com a vida, o bem-estar subjetivo e o bem-estar psicológico em estudos com pessoas idosas. GIGAPP Estudios Working Papers, 7(150–165), 275–291.
The WHOQOL Group (1998). The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): Development and general psychometric properties. Social Science & Medicine, 46(12), 1569–1585. doi: 10.1016/s0277-9536(98)00009-4
UNESCO Institute for Lifelong Learning (2011). Annual report 2010: UNESCO Institute for Lifelong Learning. UNESCO Institute for Lifelong Learning.
Wang, R., De Donder, L., De Backer, F., Triquet, K., Shihua, L., Honghui, P., Thomas, V., & Lombaerts, K. (2018). Exploring the association of learning participation with the quality of life of older Chinese adults: A mixed methods approach. Educational Gerontology, 44(5–6), 378–390. doi: 10.1080/03601277.2018.1481185