Resumo
As doenças psiquiátricas são frequentes em idosos e os determinantes sociais têm um impacto quer na sua origem, quer no tratamento. Este estudo tem como objetivo compreender o impacto dos componentes sociais em idosos com doença mental. Para isto, foram analisados os internamentos de doentes com idade igual ou superior a 65 anos nos últimos dois anos no Serviço de Psiquiatria da Unidade Local de Saúde do Alto Ave, percebendo em quais foi necessária uma abordagem do Serviço Social (SS) e qual a resposta obtida. Foram realizados 81 internamentos, o que corresponde a 68 doentes. Os diagnósticos mais presentes foram a Perturbação Depressiva Major, a Perturbação Neurocognitiva Não Especificada e a Perturbação Bipolar tipo I. Em mais de metade dos internamentos foi pedida avaliação por parte do SS, que deu apoio através de esclarecimentos sobre as opções sociais ou da referenciação. Em oito doentes a falta de resposta na comunidade levou a uma diferença de dias entre a alta clínica e a alta social. Verifica-se que existiu um número significativo de doentes idosos internados na Psiquiatria por alterações do humor ou do processo cognitivo. Os resultados mostram também que a componente social é essencial no processo terapêutico, existindo, no entanto, poucas respostas disponíveis. A própria doença psiquiátrica pode constituir uma limitação na referenciação de idosos. Assim, o processo de diagnóstico e tratamento de perturbações psiquiátricas em idades avançadas acarreta múltiplos desafios, sendo que a componente social tem um grande impacto na sua abordagem e, por isso, é fundamental criar respostas adequadas.
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